É PRECISO LER OS QUE OS OUTROS ESCREVEM...
A paz é uma pomba branca
As respostas que tenho, e que a maioria tem geralmente são ilusões
Mas vou tentar falar de paz, periferia e guerra.
A paz é uma pomba branca.
Se uma criança pobre soprar, suas asas não se mexem.
Se um detento a segurar, sentirá seu peso como se fosse chumbo.
Se uma senhora aposentada a acolher em seus braços não sentirá o calor.
Se um desempregado olhar bem em seus olhos nela não verá alegria.
Se um professor a estudar, aos seus alunos não poderá ensinar.
Se um menino ou menina desse grande Brasil periferia a olhar voando, não saberá o que ela significa.
A paz é uma pomba branca.
Que apesar de tudo ainda continua voando.
E todos a vêem,
Mas só quem merece realmente a conhece.
Paz só a quem merece.
E aos que não, Guerra.
Ferréz – texto feito para o disco Direto do Campo de Exterm
Saturday, January 27, 2007
Sunday, January 07, 2007
O TEMPO DOS NOSSOS SONHOS
.
O presente é sempre presente, materializa-se com um acordo tácito que fizemos para desafiar o tempo aparente. No passado estão os sonhos vividos e sonhados, incrivelmente os sonhos pertencem ao tempo aparente, mesmo que parcialmente vividos. No futuro está a incerteza do que poderá vir-a-ser, também aparente. A idéia de futuro é uma abstração angustiante, talvez mais angustiante que o passado, nele os sonhos pairam no limbo, entre o bem o mal não vivido.
Vivemos entre o passado e o futuro, como diz Hannah Arend. Para ela, o passado representou vivências como um quadro de Picasso, muitas Guernicas, muitos holocaustos, com pesadelos eivados de crueldade no universo totalitário. Mas Arend viveu no presente o tórrido amor clandestino, contraditoriamente com o filósofo do desvelo e do vir-a-ser. Uma mulher filósofa e um homem filósofo oculta a paixão latente. Heiddeger era famoso, inteligente, feio, poderoso, bem casado com outra. Arend era bonita, inteligente, libertária, sem marido. Mulher sem marido está à procura de amante casado. Mesmo para as mulheres libertárias, justifica-se que alguns homens estejam no mando e que necessitem ocultar o amor. Os homens públicos são socialmente venerados, são sérios, sisudos detrás dos óculos. As mulheres públicas, se forem bonitas bem pior, são as desfrutáveis como “laranja de amostra” mesmo que filósofas, mesmo que libertárias.
Arend e Heiddegger deixaram escritos para a posteridade que dormem nas prateleiras da academia bem como as suas explicações sobre o mundo, sobre a vida, sobre o passado e o futuro. Muitas explicações sobre o pensamento e reflexão sobre a realidade vivida. Pouca gente se interessa pelo seu romance. O tempo passou. Será que o tempo passa?
Outro compatriota de Arend e Heiddegger declarou que é preciso deixar o tempo entrar. Walter Benjamim sentiu o peso dos anos sangrentos do nazismo, pagou caro pela coerência, por sua ideologia e, por sua opção amorosa. Amou às claras e não suportou o alvissareiro progresso presente, deixou escrito em vermelho as terríveis sensações do quadro Angelos Novos de Klee. Não viveu de futuro, nem do passado, deixou o tempo entrar no presente e afirmou que:
“O tédio é um tecido cinzento e quente, forrado por dentro com seda das cores mais variadas e brilhantes. Nele nos enrolamos quando sonhamos.”
Esse é para todas as mulheres que lutam para sair da sombra e buscam o seu lugar ao sol.
O presente é sempre presente, materializa-se com um acordo tácito que fizemos para desafiar o tempo aparente. No passado estão os sonhos vividos e sonhados, incrivelmente os sonhos pertencem ao tempo aparente, mesmo que parcialmente vividos. No futuro está a incerteza do que poderá vir-a-ser, também aparente. A idéia de futuro é uma abstração angustiante, talvez mais angustiante que o passado, nele os sonhos pairam no limbo, entre o bem o mal não vivido.
Vivemos entre o passado e o futuro, como diz Hannah Arend. Para ela, o passado representou vivências como um quadro de Picasso, muitas Guernicas, muitos holocaustos, com pesadelos eivados de crueldade no universo totalitário. Mas Arend viveu no presente o tórrido amor clandestino, contraditoriamente com o filósofo do desvelo e do vir-a-ser. Uma mulher filósofa e um homem filósofo oculta a paixão latente. Heiddeger era famoso, inteligente, feio, poderoso, bem casado com outra. Arend era bonita, inteligente, libertária, sem marido. Mulher sem marido está à procura de amante casado. Mesmo para as mulheres libertárias, justifica-se que alguns homens estejam no mando e que necessitem ocultar o amor. Os homens públicos são socialmente venerados, são sérios, sisudos detrás dos óculos. As mulheres públicas, se forem bonitas bem pior, são as desfrutáveis como “laranja de amostra” mesmo que filósofas, mesmo que libertárias.
Arend e Heiddegger deixaram escritos para a posteridade que dormem nas prateleiras da academia bem como as suas explicações sobre o mundo, sobre a vida, sobre o passado e o futuro. Muitas explicações sobre o pensamento e reflexão sobre a realidade vivida. Pouca gente se interessa pelo seu romance. O tempo passou. Será que o tempo passa?
Outro compatriota de Arend e Heiddegger declarou que é preciso deixar o tempo entrar. Walter Benjamim sentiu o peso dos anos sangrentos do nazismo, pagou caro pela coerência, por sua ideologia e, por sua opção amorosa. Amou às claras e não suportou o alvissareiro progresso presente, deixou escrito em vermelho as terríveis sensações do quadro Angelos Novos de Klee. Não viveu de futuro, nem do passado, deixou o tempo entrar no presente e afirmou que:
“O tédio é um tecido cinzento e quente, forrado por dentro com seda das cores mais variadas e brilhantes. Nele nos enrolamos quando sonhamos.”
Esse é para todas as mulheres que lutam para sair da sombra e buscam o seu lugar ao sol.
Wednesday, January 03, 2007
O MUNDO EM PEDACINHOS
O mundo é um caquinho de vidro, diz o poeta. Caco é um pedaço partido de alguma coisa que já foi inteira, pode ser uma taça de cristal, um vaso antigo, ou vidraça alheia, ou metaforicamente as vidraças da nossa alma. Juntar os cacos dificilmente nos dará a possibilidade de recompor o todo em sua perfeição original. Mas, como todos os seres são formados de pequenas partículas asseverou o velho Demócrito de Abdera, como desprezar as partes ínfimas? Os cientistas nunca contestaram Demócrito, apesar dos séculos.
Nós, contemporâneos, como somos muito sabidos temos dificuldade de ver o todo como algo indivisível, indispensável. Para que olhar o todo se a parte nos basta. Chamamos pomposamente de meio ambiente e confundimos ambiente com parte da natureza, excluímos o humano porque os humanos arvoram-se, pretensamente, donos da natureza e ela está sob o nosso controle. Ou será que há muito tempo perdemos o controle de nós mesmos? Ou, ainda, fazemos vistas grossas para quem nos controla?
Vemos o mundo fragmentado na telinha da televisão ou do computador e, arrogantemente, enchemos o peito e alardeamos a nossa visão de mundo. Que mundo? O mundo que é vermelho na China? É sangrento nas ruas? Ou o mundinho virtual que a mídia graúda nos presenteou.
O mundo mudou dos gregos aos nossos dias. Mas, permaneceu desigual em alguns aspectos.
Nós, contemporâneos, como somos muito sabidos temos dificuldade de ver o todo como algo indivisível, indispensável. Para que olhar o todo se a parte nos basta. Chamamos pomposamente de meio ambiente e confundimos ambiente com parte da natureza, excluímos o humano porque os humanos arvoram-se, pretensamente, donos da natureza e ela está sob o nosso controle. Ou será que há muito tempo perdemos o controle de nós mesmos? Ou, ainda, fazemos vistas grossas para quem nos controla?
Vemos o mundo fragmentado na telinha da televisão ou do computador e, arrogantemente, enchemos o peito e alardeamos a nossa visão de mundo. Que mundo? O mundo que é vermelho na China? É sangrento nas ruas? Ou o mundinho virtual que a mídia graúda nos presenteou.
O mundo mudou dos gregos aos nossos dias. Mas, permaneceu desigual em alguns aspectos.
Tuesday, January 02, 2007
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