Wednesday, March 31, 2010

Não deixem morrer meu rio


31.03.10 - BRASIL

Dom Erwin: ‘Belo Monte será uma agressão sem precedentes para o Brasil'


Letra
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Tatiana Félix *

Adital -
A polêmica sobre a instalação de uma usina hidrelétrica no Rio Xingu, localizado no estado do Pará, há décadas divide opiniões. O governo defende que a obra é necessária para garantir o abastecimento de energia elétrica para o país nos próximos anos. Porém, os impactos ambientais podem trazer muito mais danos do que benefícios, afetando não só o ecossistema, mas, principalmente, as famílias da região.
Embora seja uma das maiores obras de infraestrutura previstas para a atualidade, Belo Monte é um dos projetos que enfrenta maior resistência. Diversas entidades do Brasil e do Mundo, se posicionam contra a obra devido aos impactos ambientais e sociais que deve gerar. As conseqüências podem ser bem mais prejudiciais do que os "benefícios" econômicos da obra.


A sede de Belo Monte será em Altamira (PA), cidade com quase cem mil habitantes, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Outros quatro municípios como Anapu, Brasil Novo, Senador José Porfírio e Vitória do Xingu também devem ser ocupados pela hidrelétrica.

Após concessão da licença ambiental emitida em fevereiro pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama), os povos indígenas, ribeirinhas, entidades e a população local, sentiram a ameaça da construção mais próxima e ficaram preocupados. O leilão da usina já está marcado para o dia 20 de abril.

De acordo com Dom Erwin Kräutler, Bispo do Xingu e Presidente do Conselho Indigenista Missionário (CIMI), "o programa de instalação da usina ignora as pessoas humanas que serão afetadas em seus lares". "Se for construída essa hidrelétrica (Belo Monte), será uma agressão sem precedentes para o Brasil e para a Amazônia".

Segundo ele, até agora o projeto só foi apresentado de modo unilateral. "Não aconteceram audiências públicas suficientes, propusemos 27 e só foram feitas quatro. Os povos atingidos e os índios não foram ouvidos suficientemente", informou. Ele disse ainda que o povo que será afetado não foi ouvido, nem teve acesso às audiências por causa da distância dos locais onde realizadas.

Mesmo acreditando que o projeto seja levado adiante, Dom Erwin disse que "ainda não entregamos os pontos. Estamos lutando com toda esperança até o fim". "Nós somos contra por razões de ordem social e ambiental", justificou. Ele declarou ainda que "não pode admitir que o Governo Brasileiro possa servir ao poder econômico e passar por cima das pessoas, dos povos da região".

Dom Erwin fez um apelo à sociedade brasileira dizendo que é necessário que todos se unam e se posicionem, já que se trata de um projeto destruidor, que vai causar muitos danos às famílias e à região.

"Não se pode fazer esse projeto sem ouvir os índios, isso seria inconstitucional", afirmou. Ele ressaltou ainda que o projeto não leva em conta a situação do povo de Altamira que será atingida maciçamente. "1/3 da cidade irá para o fundo. O povo será atingido pela inundação, será arrancado de seus lares e até agora ninguém respondeu: O que vai ser desse povo?".

A Usina

A Usina Hidrelétrica de Belo Monte é uma das maiores obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), uma das principais marcas do Governo Lula.

Caso seja construída, Belo Monte deve ser a segunda maior hidrelétrica do país, atrás apenas de Itaipu, localizada no Rio Paraná, na fronteira do Brasil com o Paraguai. A Hidrelétrica deve gerar 11 mil megawatts de potência.


* Jornalista da Adital

Sunday, March 28, 2010

a arte e o espelho


Por vezes à noite há um rosto


Que nos olha do fundo de um espelho

E a arte deve ser como esse espelho

Que nos mostra o nosso próprio rosto

Friday, March 26, 2010

Octavio Paz


Árvore adentro

Cresceu em minha fronte uma árvore.
Cresceu para dentro.
Suas raízes são veias,
nervos suas ramas,
Sua confusa folhagem pensamentos.
Teus olhares a acendem
e seus frutos de sombras
são laranjas de sangue,
são granadas de luz.
Amanhece
na noite do corpo.
Ali dentro, em minha fronte,
a árvore fala.
Aproxima-te. Ouves?

Sunday, March 14, 2010

A VALENTIA DAS AMAZONAS


As narrativas sobre as Amazonas, mulheres que andavam a cavalo e eram hábeis ao manipular o arco e a flecha, remontam à Grécia Antiga. De acordo com a tradição oral, elas se recusavam a viver com homens em seus territórios e eram dotadas de coragem fazendo inveja aos mais valentes soldados.
Os índios contam que as guerreiras Amazonas enfrentaram os invasores espanhóis, entre eles Francisco Orellana. O escrivão da frota teria registrado que existia num pretenso reino das Pedras Verdes, onde mulheres corajosas e sem maridos enfrentavam os guerreiros.
Os índios as descrevem com mulheres bem altas, de tez brancas, com longas tranças dobradas no topo da cabeça, descrição que coincide pelo relato do escrivão Frei Gaspar de Carnival da frota hispânica.
Supostamente o embate entre os espanhóis e as Amazonas foi marcado pela ferocidade, na foz do rio Nhamundá, na fronteira entre os estados do Amazonas e Pará. Atacados pelas bravas mulheres, os hispânicos foram surpreendidos e derrotados sairam em retirada.
Se existiram ou não, o imaginário de mulheres corajosas persistem nos corações e na mentes dos povos.

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